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segunda-feira, 22 de abril de 2013

População protesta contra liberação de água de açude

BANABUIÚ

22.03.2013




Manifestantes bloquearam a CE 153 para reclamar da maior vazão de água do açude Arrojado Lisboa


Um grupo formado por pescadores, trabalhadores rurais, lideranças comunitárias, políticos estudantes e moradores de Banabuiú bloqueou, na manhã de ontem, a CE-153, mais conhecida como Rodovia Padre Cícero. A barricada humana ocorreu na ponte sobre as comportas do açude Arrojado Lisboa.



Na opinião das pessoas que realizaram o protesto de ontem na rodovia Padre Cícero, as autoridades deveriam providenciar o conserto das bombas do Castanhão em vez de aumentar a vazão do Açude Arrojado Lisboa, em Banabuiú foto CLEUMIO PINTO




Segundo os manifestantes, o protesto foi realizado em razão da liberação excessiva de água daquele reservatório para o Vale do Jaguaribe e a região metropolitana de Fortaleza. Desde o início de fevereiro, o Açude de Banabuiú está abastecendo aquelas regiões. Com a vazão extra o volume d´água caiu para 43,78% de sua capacidade, cerca de 740 milhões de metros cúbicos, conforme dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e do Dnocs.



Risco de desabastecimento



Conforme o idealizador da manifestação, o vereador Valter Soares Pinheiro, mais conhecido como Valtinho, a liberação extra de água já é notada visualmente. O nível hídrico está abaixo da base das comportas de aço do reservatório. Ele havia se deparado apenas uma vez com tal cena desde 1966, quando a obra do Governo Federal foi concluída e inaugurada. Para Valtinho a os representantes do Governo apenas arranjaram uma desculpa para justificar a economia de R$ 1 milhão com a energia para as bombas do Castanhão funcionarem. Como os representantes de Banabuiú são minoria, apenas dois, e o restante do Baixo Jaguaribe, 18, conseguiram aprovar a liberação extra de água.



Com a atual manobra operacional, realizada pela Cogerh, responsável pelo gerenciamento dos recursos hídricos, o gerente do Dnocs, Ariston Queiroz, responsável pelo Açude Banabuiú, já havia alertado para a baixa de 3cm por dia no volume de água. Ele confirma o surgimento do problema a partir da pane nas bombas do Açude Castanhão. Esperava solução breve, todavia, está se passando mais um mês e a vazão na válvula de dispersão continua ao máximo, 10m³/s. Para agravar ainda mais a situação as chuvas não chegam. Também não há previsão de bom inverno. "Os efeitos para a economia local serão tão cruéis quanto à seca", acrescentou o gerente.



Para o prefeito de Banabuiú, Veridiano Sales, além de prejudicar diretamente milhares de agricultores e pescadores, a cidade corre o risco de enfrentar um colapso de abastecimento.



Na avaliação dele, a zona rural corre o mesmo risco. Haverá necessidade de carros-pipa para abastecer as comunidades. Ele ainda aponta um problema mais grave: quando chegar aos 25% a água do açude não será mais própria para o consumo humano. Oito cidades ribeirinhas despejam seus esgotos no rio Banabuiú, na montante do açude. No início de fevereiro, o Diário do Nordeste abordou o problema. Na época, a Cogerh justificou a pane em dois transformadores do Açude Castanhão para utilizar o açude de Banabuiú.



O Castanhão possui quatro bombas com capacidade de liberar, cada uma, 3.150 litros de água por segundo (3.15m³/s). Com os dois transformadores queimados, houve redução de 50% na vazão do Castanhão. A Companhia informou ter tomado todos os cuidados e precauções com o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza. "A situação está sendo administrada", havia justificado o coordenador do núcleo técnico da gerência da Cogerh de Limoeiro do Norte, Ermilson Barros.



Ontem, o diretor de Operações da Cogerh, Ricardo Adeodato, informou não haver motivo para alardes quanto à redução do volume de água do Arrojado Lisboa. O reservatório está com 700 milhões de metros cúbicos de água. Ele confirmou o problema nas bombas do Castanhão, todavia o sistema voltará a normalidade até junho.



Justificativa



A vazão do açude de Banabuiú será reduzida de 10 para 7,5m³/s. Mesmo assim, além da aprovação de 90% dos membros do Comitê Gestor de Bacias Hidrográficas a Cogerh fez estudos e simulação da liberação de água. Em junho o reservatório estará com 598 mi/m³. Ainda não chovendo durante o ano terá em janeiro de 2014, 398 mi/m³ e mesmo persistindo a seca por quatro anos, embora nunca tenha ocorrido, no início de 2015, estará com 123 mi/m³, volume muito superior a maioria dos reservatórios existentes no Estado.



O representante de Cogerh ainda fez questão de salientar dois aspectos importantes quanto a liberação das águas do Arrojado Lisboa. Um deles é o abastecimento para cerca de 3,5 milhões de habitantes. O outro é o suporte para um dos maiores perímetros irrigados do Ceará, do Tabuleiro de Russas. Mais de três mil lavradores trabalham nele. Seria incoerente deixar as duas regiões desassistidas. Além de todos esses argumentos a evaporação baixa o volume em 2,40 metros de lâmina d´água por ano. Haveria desperdício. "Explicamos tudo as lideranças de Banabuiú. Caso não tenham se convencido poderemos explicar novamente", acrescentou.



Mais informações



Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Rua Adualdo Batista, nº 1550, Parque Iracema, Fortaleza. (85) 3218.7020



ALEX PIMENTEL

COLABORADOR

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